terça-feira, 21 de outubro de 2008

Quando acaba o dia, eu acendo uma fogueira e faço um vodu pra que os bichos comecem a falar.
E lá estavam todos:
A vaca, a lagartixa, a mosca, o sapo, o gambá, o porco-espinho, o urubu, a cobra, o jacaré, a fuinha, a tartaruga, a coruja, o tatu, o passarinho, o grilo, o vaga-lume
Mas aí, o Véio chegou...
...e resmungou...
...e reclamou...
...e balbuciou...
...e a bicharada quieta...
O Véio tomou um ar...
...e resmungou...
...e reclamou...
...e balbuciou...
...e a bicharada só escutou...
De repente, a fogueira apagou, já era dia, os bichos tinham ido embora um por um...
No final das contas, só o Véio falou.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

... foi uma noite daquelas!
Trovão, raios, tempestade, vendaval...

Todos os bichos da floresta se protegiam como podiam...
... dentro da minha cabana!
Ouvi um barulho lá fora e olhei pela janela...
... não vi nada.
Como eu poderia ver alguma coisa com tamanha escuridão?
Sair para ver o que era?
Que nada!
Mais vale uma casa bagunçada do que a cuca molhada.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Estava eu sentado na cadeira de balanço, indo pra frente e pra trás, bem mansinho, saboreando a brisa da manhã, espantando as moscas com a fumaça de meu cachimbo, esperando um momento certo para começar meu passeio pela floresta como sempre faço. O rangido da minha cadeira era "nhoc" pra frente e "nhoc" pra trás.
Parei um momento e olhei para um lado, e "nhoc" pra frente e "nhoc" pra trás.
Parei mais uma vez, olhei para o outro lado, e "nhoc" pra frente e "nhoc" pra trás.
Era simples assim: "nhoc" pra frente e "nhoc" pra trás.
Dei um último trago, baforei nas moscas e "nhoc" pra frente e "nhoc" pra trás.
Pensei só mais um pouco e "nhoc" pra frente e "nhoc" pra trás.
Consertar a cadeira? Que nada! O balanço era tão gostoso que de parar eu não era capaz, pois era "nhoc" pra frente e "nhoc" pra trás.